A historiografia sobre a África, ainda que em bom número, tem pouca contribuição de historiadores africanos. Os poucos que trabalham nesse sentido foram formados em universidades européias, tendo herdado uma tradição que os fazem ver a história de seus países de fora para dentro. A cultura africana é sem dúvida propagada muito mais oralmente. O principal meio de comunicação no continente ainda é o rádio.
A história da África pode ser dividida em três grandes fases:
1. Interesse do oriente no comércio com os grandes reinos africanos.
2. A África volta-se para o ocidente a partir do século XV.
3. A descolonização africana. Fase em que o continente ainda se encontra. Uma coisa é certa, não se pode falar em cultura africana, mas em culturas múltiplas. Após as saídas das nações européias e as proclamações de independência, não foram resolvidos os antigos conflitos. O pluralismo é muito grande, são muitas etnias em disputa no mesmo espaço político. Sem dúvida as dificuldades em se constituir estados nacionais são tremendas. Alguns países imediatamente após a independência envolveram-se em guerras civis. Já outros deixaram as pendências conflituosas para resolver posteriormente. Tudo isso fez da África um barril de pólvora.
2. A África volta-se para o ocidente a partir do século XV.
3. A descolonização africana. Fase em que o continente ainda se encontra. Uma coisa é certa, não se pode falar em cultura africana, mas em culturas múltiplas. Após as saídas das nações européias e as proclamações de independência, não foram resolvidos os antigos conflitos. O pluralismo é muito grande, são muitas etnias em disputa no mesmo espaço político. Sem dúvida as dificuldades em se constituir estados nacionais são tremendas. Alguns países imediatamente após a independência envolveram-se em guerras civis. Já outros deixaram as pendências conflituosas para resolver posteriormente. Tudo isso fez da África um barril de pólvora.
Até
o século VII os reinos africanos não tiveram contato com outros povos. A
partir desse momento, entretanto, os árabes os alcançam, trazendo
consigo o islamismo, e o comércio. Três grandes reinos se desenvolveram
na África: Ghana, Mali e Songhai. O último assumiu o califado do Sudão.
Após aderirem ao Islã – embora as religiões de adoração aos elementos da
natureza ainda persistissem (certo sincretismo é notável) – o comércio
com o oriente intensifica-se mais ainda, tendo a África vivido um
período de relativa prosperidade. Os principais itens comercializados
eram o marfim, a noz de cola e os escravos – provenientes dos africanos –
os quais eram trocados por tecidos, cobre e pérolas.
O REINO DE GANA
O
Ghana foi provavelmente fundado durante o século IV de nossa era.
Entretanto, foi somente no século VII que o reino ganhou
representatividade, principalmente devido a suas minas de ouro, fato que
chamou a atenção dos árabes.
Quando
o comércio com os árabes se intensificou, Ghana instituiu um
responsável, uma espécie de ministro do comércio, para controlar,
através de taxas, as operações de importação e exportação. O Estado era
mantido através de um eficiente sistema de cobrança de impostos
localizados nos principais entrepostos comerciais de um território não
muito bem definido. A organização do reino de Ghana era notável, havia
subdivisões de governo, com certa autonomia, espécie de províncias,
politicamente organizados ao longo do rio Senegal e Niger. As principais
atividades eram a agricultura, a mineração, a pecuária e o comércio com
os árabes. Ghana foi-se mantendo sob o governo dos berberes e dos
muçulmanos até 1240 quando o rei do Mali, Sundiata Keita, acabou por
conquistá-lo.
O REINO DE MALI
O
Império Mali foi um estado da África Ocidental, perto do rio Níger, que
dominou esta região nos séculos XIII e XIV. De três impérios
consecutivos, este foi o mais extenso territorialmente, comparado com o
de Songhai e do Gana. O império alcançou o auge no início do século XIV,
durante o governo de Mansa Musa, que se converteu ao Islã. Mali
controlava as rotas comerciais transaarianas da costa sul ao norte.
Em
sua peregrinação a Meca, esse soberano fez-se acompanhar de uma
comitiva com 15 mil servos, cem camelos e expressiva quantidade de ouro.
Em seu retorno, determinou a construção de escolas islâmicas na
capital, a cidade de Tombuctu, que de próspero centro comercial,
tornou-se também um centro de estudos religiosos. Mali tornou-se famoso
devido à imensa riqueza obtida através do comércio com o mundo árabe.
No início do século XV, o Império do Mali começou a declinar.
O REINO DE SONGHAI
Do
início do século XV até o final do XVI, Songhai foi um dos maiores
impérios africanos da história. Este império tinha o mesmo nome de seu
grupo étnico líder, os Songhai. Sua capital era a cidade de Gao, onde um
pequeno estado Songhai já existia desde o século XI. Sua base de poder
era sobre a volta do rio Níger.
Em
1325, quando Mansa Musa volta de sua peregrinação à Meca, submete pelas
armas o reino de Songhai à dominação Mali. Os príncipes de Songhai são
levados à corte de Mali. Entretanto um deles consegue fugir e, em 1355,
reestabelece o reino de Songhai com a dinastia dos Sonnis, que contou
com 17 soberanos até 1464. O império de Songhai, porém, só foi
constituído durante o reinado de Sonni Ali, o último dos 17 soberanos.
Sonni Ali não era religioso, embatia-se com os muçulmanos. Dentre suas
conquistas estão todas as cidades às margens do rio Níger com sua frota
de navios. Como que por ironia acabou morrendo afogado no próprio rio
Níger, em 1492, sem deixar descendência.
Em
1493 assume o poder o general Askia Mohamed, fiel muçulmano. O novo
soberano teve grande preocupação em combater o analfabetismo, a fim de
que as pessoas pudessem ler o alcorão. Também criou um exército efetivo,
em sua maioria composto por prisioneiros e escravos, cujo chefe era seu
irmão Omar Mohamed. Em 1497 realizou uma peregrinação à Meca numa
comitiva de 1500 homens, incluindo os sábios do reino (médicos,
matemáticos, homens de ciência e letras), a fim de que tudo observassem
no caminho para trazer melhorias para Songhai.
Askia
Mohamed foi então nomeado pelas autoridades do Islã como califa do
Sudão, com o objetivo de fazer frente à crescente influência do
cristianismo vinda dos países europeus. Coube ainda a esse soberano
unificar o sistema de pesagem do reino, a criação de um sistema bancário
e de financiamento e reformas no campo da educação – com a criação de
escolas superiores, e da universidade de Sankoré, de orientação laica.
Seu filho mais velho acabou dividindo o país em guerras civis e depondo
seu pai.
Devido
ao controle econômico exercido por Songhai, entre outros produtos, do
ouro produzido no Sudão ocidental, do sal, artigo de grande importância
no deserto, e dos escravos, cuja procura era constante nos territórios
islâmicos, o império de Songhai acabou destruído pelo Marrocos em 1591.
SOBRE OS MISSIONÁRIOS EUROPEUS NA ÁFRICA
A
partir de 1830 diversos missionários, fundamentalmente ingleses,
adentraram o continente africano – principalmente Libéria, Costa do Ouro
e Nigéria – num esforço de evangelização dos povos. Eram anglicanos,
metodistas, batistas e presbiterianos. Também alguns luteranos e
calvinistas alemães, a serviço da sociedade missionária de Londres, se
dirigiram para as cercanias da fronteira do Cabo. Trabalharam junto aos
povos Khoins e Tsuana – ao norte do rio Orange. Mais tarde, quando a
colônia do Cabo expandiu-se para o leste e Natal foi anexada,
missionários de diversas ordens se deslocaram da Alemanha, Inglaterra,
França, Holanda, Suécia e EUA, para a África Meridional.
Merece
destaque as missões da região dos lagos, entre 1860 e 1880, que tinham o
objetivo de estabelecer unidades-modelo para instruir a população livre
no cultivo dos produtos de exploração. Essa era uma das características
desses missionários: eram abolicionistas, e a favor do trabalho
assalariado, de acordo com o Congresso de Viena.
Pelo
lado católico, merece destaque os missionários liderados pelo vigário
Daniel Camboni, criador da obra pela propagação da fé; mais tarde
Camboni se tornaria bispo da África Central. Ele defendia a regeneração
da África pela própria África, a partir de seus próprios esforços, sem
intervenção política das metrópoles.
Tanto a evangelização católica como protestante tinham três pontos em comum:
1.
Levar os africanos não somente a conversão ao cristianismo, mas à
apreensão do conjunto de valores da civilização ocidental.
2. Ensinar a divisão/separação entre a esfera espiritual e secular, posição diretamente oposta às crenças africanas animistas que criam na natureza.
3. Minimizar a influência das autoridades locais, a fim de que o povo abandonasse seus ritos sagrados, muitas vezes ligados a posição dos reis ou chefes.
2. Ensinar a divisão/separação entre a esfera espiritual e secular, posição diretamente oposta às crenças africanas animistas que criam na natureza.
3. Minimizar a influência das autoridades locais, a fim de que o povo abandonasse seus ritos sagrados, muitas vezes ligados a posição dos reis ou chefes.
É
certo que o empreendimento dos missionários encontrou resistência. Por
vezes havia forças em sentido contrário, que acabavam desenvolvendo
certo sincretismo.
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